quarta-feira, 3 de abril de 2013

Judô e a Educação Física

Introdução
 
O Judô é uma arte marcial praticada como desporto, fundada por Jigoro Kano em 1882, no Japão. Os seus objetivos são fortalecer o físico, a mente e o espírito de forma integrada, para além de desenvolver técnicas de defesa pessoal.
 
Em Japonês, o nome “Judô” significa caminho suave. Mais à frente será explicado o que mais especificamente isso quer dizer.
 
Essa arte marcial teve uma grande aceitação em todo o mundo, pois Jigoro Kano conseguiu reunir a essência do jiu-jitsu, arte marcial praticada pelos bushi, ou cavaleiros, durante o período Kamakura (1185-1333), a outras artes de luta praticadas no Oriente e fundi-las numa única e básica. O Judô foi considerado desporto oficial no Japão nos finais do século XIX e a polícia nipônica introduziu-o nos seus treinos.
 
Hoje é praticado em praticamente todo o mundo e tornou-se também esporte Olímpico.
 
Sua técnica utiliza basicamente a força e peso do oponente contra ele. De uma forma simples, o criador do Judô descobriu que qualquer pessoa pode derrubar qualquer pessoa sem utilizar uma força muito grande. Para falar a verdade, esse é o sentido do nome dessa arte marcial. Judô, como já foi descrito anteriormente, significa “Caminho Suave”. Essa suavidade significa que não é necessário a utilização de toda a sua força para derrubar um oponente.
 
Jigoro Kano nos explica isso durante um discurso proferido na University of Southern Califórnia, por ocasião das Olimpíadas de 1932:
 
" Deixem-me agora explicar o que significa, realmente esta suavidade ou cedência.
 
Supondo que a força do homem se poderia avaliar em unidades, digamos que a força de um homem que está na minha frente é representada por dez unidades, enquanto que a minha força, menor que a dele, se apresenta por sete unidades.
 
Então se ele me empurrar com toda a sua energia, eu serei certamente impulsionado para trás ou atirado ao chão, ainda que empregue toda minha força contra ele.
 
Isso aconteceria porque eu tinha usado toda a minha força contra ele, opondo força contra força. Mas, se em vez de o enfrentar, eu cedesse a força recuando o meu corpo tanto quanto ele o havia empurrado mantendo, no entanto, o equilíbrio então ele inclinar-se-ia naturalmente para frente perdendo assim o seu próprio equilíbrio.
 
Nesta posição ele poderia ter ficado tão fraco, não em capacidade física real, mas por causa da sua difícil posição, a ponto de a sua força ser representada, de momento, por digamos apenas três unidades, em vez das dez unidades normais.
 
Entretanto eu, mantendo o meu equilíbrio conservo toda a minha força tal como de início, representada por sete unidades.
 
Contudo, agora estou momentaneamente numa posição vantajosa e posso derrotar o meu adversário utilizando apenas metade da minha energia, isto é, metade das minhas sete unidades ou três unidades e meia da minha energia contra as três dele.
 
Isso deixa uma metade da minha energia disponível para qualquer outra finalidade.
 
No caso de ter mais força do que o meu adversário poderia sem dúvida empurrá-lo também.
 
Mas mesmo neste caso, ou seja, se eu tivesse desejado empurrá-lo igualmente e pudesse fazê-lo, seria melhor para eu ter cedido primeiro, pois procedendo assim teria economizado minha energia."
 
As Técnicas do Judô
 
Em uma competição, o primeiro objetivo do Judô é derrubar o adversário. É o que chamamos de “Projetar” o adversário. São as técnicas de Projeção ou técnicas de Arremesso.
 
Para conseguir derrubar o oponente em um combate é necessário primeiramente provocar-lhe um desequilíbrio. Sem desequilibrar uma pessoa não se pode derrubá-la. Logo em seguida, o judoca deve usar seu corpo ou parte de seu corpo como uma alavanca. As diversas possibilidades de se fazer isso consistem exatamente nas técnicas dessa arte marcial. Derrubar o adversário com uma boa postura e uma boa velocidade, fazendo-o cair com as costas no tatame, pode definir a vitória de uma luta.
Derrubar o adversário de uma forma não perfeita permite que a luta continue de outra forma, mas falaremos nisso depois.
 
Em palavras simples, quando a parte do corpo usada como alavanca é a perna ou o pé, chamamos de técnicas de pé. Algumas delas foram feitas em aula, quando foi provocado um desequilíbrio para trás e buscou-se atingir a parte de trás do joelho do colega que estava sendo desequilibrado.
 
Quando a alavanca utilizada para projetar o oponente é o quadril, chamamos de técnicas de quadril.
São aquelas técnicas onde desequilibra-se o oponente para frente e ele é jogado por cima do corpo de quem joga. É o “golaço” do Judô. São as técnicas as quais os expectadores esperam que aconteça em um combate.
 
Quando a parte do corpo usada como alavanca para projetar o oponente é a mão, chamamos de técnicas de mão.
 
Além disso, em uma competição de Judô, a luta pode prosseguir no chão, com os judocas sentados, de joelhos, ou mesmo deitados. É que chamamos de “Solo”. Isso acontece quando uma técnica usada para derrubar um adversário não é perfeita. O adversário não cai de costas, caindo de lado, sentado, ou mesmo de frente para o tatame. Nas lutas de Solo, podemos fazer três coisas:
 
Primeiro, podemos imobilizar o oponente. Imobilizar significa por as costas do oponente no tatame sem deixá-lo com reações de contra-atacar. Para isso utilizamos o próprio peso corporal para segurar o adersário. Existem diversas técnicas que permitem isso. Uma maneira de vencer uma luta desse esporte é imobilizar o adversário por 25 segundos.
 
Em segundo lugar, podemos estrangular o oponente. Estrangular significa apertar a garganta do adversário com o antebraço ou com a gola do Kimono, de maneira a fazer faltar-lhe o ar, obrigando-o a bater uma de suas mãos no tatame ou no colega que aplicou o golpe. Esse é um sinal de desistência.
Conseguir estrangular um adversário de maneira a fazê-lo bater é uma das formas de se ganhar uma luta de Judô.
 
Pode parecer uma atitude grosseira, mas é preciso lembrar que isso é uma luta, e cada luta tem suas características. No boxe, por exemplo, é permitido socar o rosto do adversário, e se ele desmaiar ou quebrar um dente, bem, isso é uma consequência normal de uma luta. Da mesma forma que no futebol, dois jogadores em uma disputa de bola no ar podem bater um na cabeça do outro o abrir um machucado no supercílio do outro.
 
Em terceiro lugar, é permitido na luta de solo, aplicar uma chave de braço, ou seja, forçar a articulação do cotovelo no sentido contrário, de maneira a fazer o adversário bater no tatame. Essa também é uma forma de vencer um combate de Judô.
 
Em uma competição não é permitido socar ou chutar o adversário, assim como também não vale aplicar chave de pernas. As técnicas de judô podem, então, ser assim classificadas (com seus respectivos nomes em japonês), de uma forma bem simples:
 
Nage-Waza (técnicas de projeção ou arremesso); Ossaekomi-Waza ou Ossae-Waza (técnicas de imobilização); Shime-Waza (técnicas de estrangulamento); Kansetsu-Waza (técnicas de chave de braço).
 
O Judô nas aulas de Educação Física
 
O Judô teve um grande crescimento nos últimos anos, principalmente no que diz respeito ao esporte.
 
A disciplina Educação Física tem como bloco de conteúdos as lutas, entre elas o Judô. O principal motivo de se trabalhar essa arte marcial é tentar transmitir a ideologia do respeito e da disciplina para os alunos.
 
Algo que muitas vezes falta a eles, devido às influências da sociedade onde vivem. Todos querem respeito – e ninguém venha dizer o contrário, pois cada um gosta de ser respeitado – mas falta a muitos a sabedoria de fazer com o outro aquilo que gostaria que fizesse com você, ou seja, respeitar o outro, respeitar o que sabe mais, o que sabe menos, o mais velho, o mais novo, a mulher, o que tem uma opção religiosa ou sexual diferente da sua, enfim, respeitar a todos em suas individualidades.
 
Além disso existe uma série de pensamentos positivos e ideologias transmitidos por essa arte marcial.
 
Aqui vão alguns, que ajudem cada um que ler este pequeno texto a crescer cada vez mais na vida:
• Quem teme perder já está vencido.
• Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo humildade.
• Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.
• Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.
• O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar.
• Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar.
• O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam, paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes e fé para acreditar naquilo que não compreende.
• Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judocas.
• Praticar judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.
 
Trabalhar Judô ou qualquer luta na escola não significa ensinar o aluno a brigar. Muito pelo contrário.
 
O praticante de qualquer arte marcial, desde que tenha um bom professor – daí a importância do profissional de Educação Física – aprende que a luta é só para treinamento e competição.
 
No mundo lá fora, ela deve ser usada como último recurso como defesa pessoal. Inteligente é o judoca, o capoeirista, o carateca, enfim o lutador de artes marciais, que evita situações em que possa precisar usar seu conhecimento fora de um tatame, ou de uma roda de capoeira.
 
Aprender Judô na escola é estimular-se a praticar um esporte sadio, que só trará coisas boas, é aprender a respeitar e agir para ser sempre respeitado.
 
É aprender a ter disciplina de treino, de estudo, a ser organizado. É tornar-se uma pessoa melhor.

Capoeira - Expressão Cultural Brasileira

A Capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura luta, dança, cultura popular, jogo, música, esporte e artes marciais.
 
A história dessa arte marcial está ligada diretamente com a história da escravidão no Brasil.
 
Muitos historiadores pesquisaram durante anos para definir onde a Capoeira surgiu – alguns acreditavam que surgiu na África, outros que surgiu no Brasil. Hoje há praticamente um consenso entre os estudiosos que ela surgiu no Brasil, influenciada pela cultura africana.
 
O Brasil, a partir do século XVI, foi palco de uma violência contra um povo. Mais de 2 milhões de negros foram trazidos da África para cá, pelos colonizadores portugueses, para serem escravos nos engenhos. E é claro que os negros não aceitavam a escravidão e a violência desferida pelos seus senhores e pelos capitães do mato.
 
Devido a isso eles fugiam, e refugiavam-se nos quilombos. O Quilombo era uma pequena comunidade que servia de refúgio aos negros que fugiam das plantações. Ficavam escondidos nas matas, em manguezais, em locais de difícil acesso aos brancos.
 
E além de formar essas comunidades, os negros desenvolveram para si uma forma de luta: a Capoeira. Caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando pés, mãos, cabeça, elementos acrobático e um elemento fundamental que a difere das demais artes marciais: A música.
 
Por quê?
 
Os negros, na senzala, desenvolveram e treinavam esta arte marcial, e para não levantar suspeitas, eles acrescentaram ao treinamento músicas de sua terra natal, para que parecesse que eles estavam dançando. Dessa forma eles mantinham elementos de sua cultura, mas acima de tudo, enganavam os donos das fazendas e os Capitães do Mato. Aliás, também é desse método de disfarce onde se acredita vir o nome Capoeira, que era uma área semi-desmatada do interior do Brasil. Essas áreas cercavam as grandes propriedades rurais da época, e era onde os escravos treinavam.
 
A Capoeira, enfim, surgiu como uma luta pela liberdade. Perseguida de início, chegou a ter sua prática proibida em alguns momentos da história. Hoje é reconhecida como patrimônio cultural brasileiro e considerada uma das mais importantes expressões culturais de nosso povo.
 
São vários os instrumentos musicais usados na Capoeira moderna. Todos originários do período de seu nascimento. O principal é o Berimbau, que dita o ritmo do jogo na roda. O pandeiro, o atabaque, o agogô e o caxixi são outros instrumentos utilizados em uma roda de Capoeira. A música, usada inicialmente como disfarce, hoje envolve e dita o ritmo dos atletas. Naturalmente, os toques dos instrumentos são acompanhados por canções, ensinadas pelos mestres aos alunos, com assuntos dos mais variados: histórias de capoeiristas famosos, situações do cotidiano, etc.
 
Existem várias técnicas de ataque e defesa desta arte marcial, como a cabeçada, o rabo de arraia, as meias-luas, aú, sanfona, armada, queixada, martelo, etc. Muitas delas, como em qualquer arte marcial, são letais se aplicadas em velocidade, precisão e força. Seu ensino deve ser feito com orientação de um mestre, que deve ter perceber se seus aprendizes estão prontos para aprendê-las.
 
Hoje a Capoeira possui dois estilos básicos: primeiramente, a Capoeira Angola, que possui o ritmo musical mais lento, golpes jogados mais baixos e com muita malícia. Depois, a Capoeira Regional, que é a mistura da malícia da Capoeira Angola com o jogo rápido, ao som do Berimbau.